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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

S.O.M.B.R.A #4

 

S.O.M.B.R.A. #4 - Reviravolta

Escrito por W. Lopes




“Por que isso sempre acontece?” Alice Ward se perguntou.

Durante toda sua vida se preparou para ser uma arma mortal pronta para derrotar qualquer inimigo, e conseguiu, mas parecia que o destino zombava de sua cara colocando-a para enfrentar aliados mais uma vez.

A situação era a seguinte: Alice, Windfall, Dagon e Frankenstein estavam frente a frente com os antigos membros da equipe de campo Charlie, agora alterados por alguma experiência maluca, provavelmente mal-sucedida, considerando que os cientistas responsáveis estavam espalhados pelo chão do laboratório levemente destruído.

- Tentem desmaiá-los sem matar. – Alice ordenou. – mas tenham cuidado. Ainda não sabemos se eles são superfortes. Cérebro? Cadê você, porra!?

*****

Longe dali, no QG da S.O.M.B.R.A, Pâmela López, codinome Zoológica, segurava o Cérebro pelo pescoço quase o estrangulando. De repente um pequeno verme esverdeado se arrasta por toda a extensão do braço e entra no ouvido de Cérebro, fazendo-o se contorcer mais por nojo do que por dor.

*****
- A esses que, assim como eu, conheceram a infelicidade de ser um monstro rejeitado... Frankenstein disse avançando sobre os estranhos homens de pele esverdeada e coriácea. --  ...eu ofereço o descanso da morte.

Alice e Dagon avançaram enquanto Windfall dava cobertura com seus tornados. Do lado de fora, a batalha de titãs entre Pára-Choques e o Bruto continuava causando danos às estruturas e fazendo os alarmes dispararem enlouquecidos.

- Eles são quase tão fortes quanto eu. – Dagon avisou enquanto já se embrenhava no meio das criaturas.
- Windfall, fique no alto. – Alice ordenou. – Um tapa desses bichos pode te matar. Cubra nossa retaguarda.
- Ta bom. – respondeu a garota alçando vôo.
- Cérebro! – Alice gritou. -- Preciso de opções!

Nenhuma resposta.

Alice observou a situação, precisava de um plano. Viu que Frankenstein estava ferido e vazando algum líquido estranhamente escuro de suas entranhas reanimadas, Dagon estava lutando contra três criaturas ao mesmo tempo, provavelmente usando quantidades extremas de energia para aumentar a força e velocidade, não iria agüentar muito tempo, enquanto Windfall impedia que mais oponentes se aproximassem usando suas rajadas de vento.

- Usem força letal até igualarmos o número. – ela ordenou enquanto desviada de um golpe de garras de um dos oponentes e pegava alguma coisa no seu cinto. – Não ganharemos nada morrendo aqui.

Nesse momento Alice se abaixou desviando de um ataque de garras de um dos monstros e num movimento rápido cortou-lhe a garganta com uma faca de caça.

- A aqueles que ousaram nos desafiar – Frankenstein recitou sacando sua espada. --  Frankenstein distribui morte!

- Alice! – Gritou Windfall. – Tem mais monstros agora do que quando chegamos.

Alice arremessou sua faca acertando um dos monstros, que havia saltado tentando atacar Windfall.

- Merda! – Alice resmungou. – Os cientistas estão levantando transformados também.

A luta continuou por mais algum tempo, Dagon rasgava os monstros com suas garras e sua força ampliada, Frankesntein destruía-os com a espada e a pistola, e Alice derrubava-os com golpes precisos em pontos vitais. Então o Bruto chegou correndo, bastante machucado, mas com um sorriso vitorioso no rosto.

- O que eu perdi? – perguntou ele.
- Estamos na merda de um filme de zumbis. – Alice respondeu. – E sem comunicação externa.

- Isso eu percebi, o Cérebro não responde.

*****

Na escura sala dos monitores Zoológica observava enquanto o Cérebro, controlado por um parasita alienígena encravado no seu sistema nervoso centralnncravado osperfortes. Cérebro,, pesquisava inúmeros bancos de dados ao redor do mundo.

- O que está fazendo Pâmela? – uma voz séria veio da porta.

Parado na porta estava o Pai Tempo com uma pistola em punho, apontando para ela.

- A colônia sobreviverá. – Zoológica respondeu com uma voz arrastada. – Não interfira, ou teremos de eliminá-lo.
- Entendo. – Pai tempo disse colocando a mão na testa enfaixada. – Esqueceu de tomar seus remédios? De qualquer forma, vou ter que te impedir.

Anos atrás Zoológica foi invadida por formas de vida alienígena super-sobreviventes, essas criaturinhas controlaram a mente de sua hospedeira e causaram muitos problemas até que Alice e o Bruto a derrotaram. Depois os cientistas da S.O.M.B.R.A descobriram que podiam bloquear o controle mental dos parasitas com algumas drogas, que Pâmela vem tomando periodicamente desde então.

Dois disparos certeiros, um em cada ombro, Zoológica deu um grito agudo de dor e partiu num vôo rápido, atacando com a garra feita com uma criatura alienígena semelhante a um crustáceo esverdeado super-desenvolvido. Pai Tempo desviou do primeiro ataque mas tomou uma forte pancada sendo arremessado na parede.


*****
A luta continuou, por algum tempo, O Bruto, mesmo cansado e com machucados da luta anterior, fez uma grande diferença com sua força surpreendente, mas de algum lugar, mais e mais criaturas continuavam vindo, parecia que cada ajudante, cientista e estagiário que havia morrido ali estavam se levantando para lutar, e mesmo isso não explicava a quantidade.

- Esses bichos são contagiosos. – O Bruto disse para Alice. – Você e Windfall deveriam sair.

Alice olhou para o Bruto e sabia que ele estava certo, Dagon e Frankenstein eram mortos-vivos e provavelmente não poderiam ser infectados pelo que quer que fosse aquilo, e ele era invulnerável para ser acertado. Ela percebeu que o “garotinho sem noção” que havia trabalhado com ela a algum tempo atrás agora era um operativo experiente, interpretando as informações e dando soluções.

Mas ainda não estava pronto. O que ele estava desconsiderando era que sair dali seria fracassar, a instalação provavelmente desabaria, mas as criaturas provavelmente sobreviveriam devido a sua alta resistência. O resultado seria um monte de monstros contagiosos soltos por aí. Inaceitável.

- Eu tenho um plano. – disse ela. – Bruto e Windfall, levem os feridos daqui. Frankesntein e Dagon me dão cobertura.
- O que pretende fazer? – Dagon perguntou.
- Esses bichos são uma praga. Se um deles escapar e chegar à cidade, teremos problemas. – disse ela ainda lutando. – Temos que fazer uma descontaminação radical.

O Bruto não conseguiu conter o sorriso quando ouviu isso.

- Descontaminação radical, o que é isso? – Windfall perguntou.
- Explodir tudo, matar todos os infectados, descontaminar entende? – o Bruto respondeu com um tom de sarcasmo. – Com uma bomba bem potente.

Eles continuaram lutando contra as criaturas que pareciam não ter fim. Algumas delas pareciam estar se regenerando, talvez, era difícil saber.

- Tenho C4 no cinto. – Alice disse sorrindo. – Estamos entendidos.
- Se tiver que entregar minha não-vida em batalha pelo grupo. – disse Frankenstein. –
Assim o farei e poderei descansar em paz com minha honra renovada.
- Ééééé... – disse Windfall meio sem jeito enquanto se aproximava do grupo. -- Acho que tenho uma idéia melhor.
- QUÊ!? – Alice se surpreendeu, era a primeira missão daquela menina, como assim ela “tinha uma idéia melhor”?
- Posso cobrir nós duas com um ciclone. – a garota explicou.
- Acha que consegue?
- Consigo sim.

Aquilo era audacioso, um plano razoável, exceto pelo fato de contar com as expectativas de uma heroína inexperiente sobre seus próprios poderes. “Pode acabar dando merda, mas também pode dar certo.” Alice pensou. “Que se dane!” se desse errado teria de improvisar. Normal, fizera isso a vida inteira.

- Sabe que se der errado, nós morremos?
- É ... – a garota respondeu. – sei, mas vai dar certo.
- Ok. – Alice disse resoluta. – Ouviram a garota. Vocês três, peguem os que parecem estar vivos e sumam daqui.

Rapidamente, o Bruto, Dagon e Frankenstein saíram jogando algumas das criaturas derrotadas, mas ainda vivas, nos ombros poderosos e saíram correndo corredor a fora.

- Ok garota. – disse Alice mantendo as criaturas afastadas dela. – Faça sua mágica.

Nesse momento Windfall se aproximou dela voando e se concentrou tanto que seus olhos começaram a brilhar, seu cabelo começou a se agitar, não mais que o vento a seu redor. Então surgiu um tornado em volta das duas. Alice jogou um último oponente com quem se embolava para fora e ele acabou sendo estraçalhado pela força do vento.

- Vamos! – disse Windfall.

Alice correu em direção ao centro do laboratório onde havia visto alguns tanques, se o Cérebro estivesse online, perguntaria se aquilo é inflamável, um daqueles tinha que ser. Windfall a acompanhava voando “trazendo o tornado consigo”, as criaturas iam saindo do caminho por puro instinto de sobrevivência.

- Só mais um pouco. – Disse Alice quando chegaram ao local onde ela queria plantar a bomba. – Segura só mais um pouco.

Alice tirou do cinto uma pequena bola amarelada, levemente rígida, C4 super concentrado, colou uma boa quantidade em uma máquina, um pouco em uma outra e colocou um ativador em cada uma.

- Pronto. – disse ela – Tire-nos daqui.

*****

Pai Tempo estava caído no chão, quando zoológica se aproximou e pisou em sua cabeça.

- Não pode vencer um organismo perfeitamente integrado, humano. – Disse ela com um tom de superioridade comum em alienígenas megalomaníacos. – Somos a perfeição.

Pai Tempo aprendeu, e principalmente ensinou, muita coisa enquanto esteve na CIA, mas com certeza o que mais o marcou foi aprender a detestar esse tipo de discurso.

Num movimento rápido pegou algumas seringas de um dos bolsos secretos e enfiou todas na veia principal do pé de Zoológica, rapidamente ela caiu no chão voltando a sua aparência normal, nos monitores Cérebro caiu da cadeira sem se machucar.

- Uma dose cavalar de morfina direto na veia. – Pai Tempo resmungou para si mesmo. – É o suficiente para desligar um ecossistema alienígena inteiro.

Pai Tempo se levantou, bateu a sujeira do seu terno, limpou o sangue da boca e foi em direção aos monitores.

*****

Quando Bruto, Dagon e Frankenstein chegaram do lado de fora, a Equipe Dog já havia chegado, rapidamente enjaularam, em pequenas câmeras esterilizadas, os infectados, e prenderam os “super-vilões” derrotados das melhores maneiras possíveis.

- O que fazemos agora? – Dagon perguntou para o Bruto.
- Eu não sei... eu... – o Bruto fez uma pausa, colocou a mão no ouvido. – Cérebro? Pai Tempo? Alguém?

Nenhuma resposta.

- Vamos voltar lá para dentro? – Dagon perguntou.
- Não. – Bruto respondeu sem muita convicção – Se nos desencontrarmos nos corredores, elas podem nos explodir lá dentro.
- Então é isso? – Dagon perguntou. – Ficamos de braços cruzados esperando?
- Eu confio na Alice.

- Pai Tempo na linha. – Ouviu-se nos comunicadores dos três. – Reportar.
- Alice e Windfall ficaram para armar bombas e fazer uma descontaminação radical. – o Bruto reportou. – perdemos contato com elas.

Nesse momento uma explosão bastante potente chama a atenção de todos. E logo em seguida saindo do corredor enfumaçado vem Alice Ward com Wendy, Windfall, Jones jogada sobre o ombro esquerdo.

Curiosamente Alice volta bastante ferida enquanto Windfall não tem nenhum arranhão, mas está desmaiada. O Bruto vai acudi-las, pega Windfall no colo e vê Alice se ajoelhar de dor no chão.

- Alice, você está bem? –ele pergunta preocupado.

Alice olha para cima e sorri.

- Missão concluída. – diz ela. – Vamos para casa.

Fim do arco.

Epílogo

Quartel General da S.O.M.B.R.A – Cafeteria

- Então quer dizer que ela me jogou nos ombros, conseguiu se livrar de um bando de monstros superfortes? – Wendy Jones perguntou enquanto brincava com a borda do café.
- E sem deixar que você sofresse um arranhãzinho sequer. – Mark Malarkey respondeu sorrindo e futucando um dos band-aids na cara inchada.
- Nossa! – Wendy exclamou. – E onde ela está agora? Tenho que agradecer a ela.
- Ela ainda deve estar na descontaminação.
- E você. – ela perguntou. – Também está bem machucado né?
- Alice me fez treinar com ela sem meus poderes para aprender a me acostumar com a dor. – Mark sorriu. – Isso aqui não é nada.

Wendy sorriu discretamente e tomou um gole de seu suco.

- E os outros? – perguntou ela.
- Fizeram os novos remendos no Frankenstein e o Dagon... – Mark fez uma pausa. – ... bom, ele só precisa se alimentar para ficar novo.
- Isso é estranho. – ela disse olhando para trás, para ver se ninguém se aproximava. – Trabalhar com mortos-vivos, sei lá.
- É. Mas fazer o quê. – Mark disse pensativo. – Vivemos num mundo estranho.


Sala de Reuniões 2

- Não devia beber. – disse o Dr. Monroe, líder do setor médico, assim que Alice Ward entrou na sala com uma garrafa de cerveja na mão.

Alice ignorou o comentário por um momento, caminhou até a mesa, e se sentou. Apesar de estar com vários pontos de sutura espalhados pelos braços, pernas e pescoço e dos curativos no rosto ela mantinha um ar de tranqüilidade.

- Por quê? Por causa dos antiinflamatórios que você me receitou? – perguntou ela tirando um frasco do bolso e sorrindo. – Como se eu fosse tomar essa merda.

Pâmela e o Cérebro, que também estavam na sala, sorriram discretamente.

- Podemos começar a reunião agora? – Perguntou Pai Tempo, que estava num canto escuro da sala.

Todos concordaram.

- Doutor? – disse o Pai Tempo.

- O processo de infecção sofrido pelos membros da equipe Charlie é altamente instável, conseguimos criar um método de reversão, mas apenas três deles sobreviveram ao processo.

- Que merda. – Alice resmungou.
- E a equipe Bravo? – Pámela perguntou

- B7 e B11 não sobreviveram. – explicou o doutor. – E B3 teve danos severos às córneas, o olho direito ficará cego e o esquerdo perdeu um pouco de qualidade. É provável que tenhamos que aposenta-lo.
- Podemos realoca-lo em outro setor. – o Cérebro interveio. – Não estamos em condição de perder pessoal.
- Concordo. – Pai Tempo disse.
- O que vamos fazer com os membros da Charlie? – Pámela resolveu perguntar.
- Vamos preencher o espaço aberto na equipe Bravo. --  disse Pai Tempo.
- Eu discordo. -- Alice disse se levantando. – Enquanto a equipe Alpha continuar no Afeganistão limpando a bagunça dos meninos do tio Sam, precisamos de, pelo menos, duas equipes autônomas prontas para agir.
- Temos as equipes Bravo e Easy. – Pai Tempo respondeu seco. – Duas equipes.
- Eu não criei a equipe Easy para isso. – Alice retrucou com um tom de voz um pouco elevado. – E você sabe disso.
- E o que você sugere?
- Vamos começar uma campanha de recrutamento. – Alice disse calmamente.
- O que acha Cérebro?
- Bom. – disse ele mexendo no notebook. – Posso preparar um dossiê com possíveis candidatos, tem uma galera legal que eu ando observando.
- Então faça. – Concordou o Pai Tempo. – Fica por sua conta Alice.
- Beleza.

- Então... Próximo assunto.

- Bom, de acordo com as pesquisas preliminares. – começou o Dr. Monroe. – Os alteradores genéticos usados nas cobaias da Equipe Charlie tem como base o DNA da Zoológica, mas especificamente dos alienígenas que vivem nela.

Todos se olharam.

- Quem poderia ter acesso a esse DNA? – Alice perguntou franzindo o rosto.
- A mesma pessoa que... – o Cérebro disse tirando um frasco de pílulas do bolso da jaqueta. -- ... trocou o remédio da Zoológica por pílulas falsas.
- E quem fez isso Cérebro? – Alice inquiriu. – Desembucha!
- Eu não sei. – o Cérebro respondeu. – Você não me deixou colocar câmeras no vestiário feminino. Lembra?
- Poutz, foi mesmo.

Pai Tempo bateu os punhos sobre a mesa, tomando a atenção de todos e se apoiando neles.

- Senhores. Temos um traidor na S.O.M.B.R.A.

Continua em S.O.M.B.R.A #5 – Recrutamento 2.0
E em S.O.M.B.R.A #6 saiba o destino do traidor.

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