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domingo, 20 de novembro de 2011

Mulher Maravilha #4

 

Mulher Maravilha - A Queda - Parte 4 
O Despertar

Escrito por Daniel Násser 

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A Mulher-Maravilha desce ao Labirinto de Astérion e enfrenta um mal ancestral para cumprir sua missão no mundo dos homens. Enquanto isso, no mundo inferior, Circe se revela e pretende trazer a vida uma criatura mortal que foi aprisionada no Hades em tempos imemoriais. Acompanhem a saga de Diana e sua busca por saber quem é...!




Good Samaritan Hospital – Los Angeles.

Julia escuta um som meio distante, abafado pelo sono pesado de noites sem descanso. Uma lágrima molha seu rosto e então ela desperta, pelos suspiros de sua filha a soluçar e, instintivamente, aconchega a cabeça de Vanessa a seu colo.

- Calma, querida... shhhhhhhh...

- Mãe, não consigo... Não consigo mexer... Minhas pernas... – Suas lágrimas não cessam, seu corpo treme, um desespero que antes dilacerava seu âmago parece emergir e tomar seu ser.

- Calma, Vanessa, minha menina... – Júlia abafa seu desespero, pois vê que é nela que Vanessa busca forças – Tudo vai ficar bem...


Cassino Labirinto – Las Vegas.

Diana aperta a espada com força, preparando-se para o combate. Olha para a jovem a seu lado e não tem certeza se pode protegê-la. Surge então a figura de Astérion: um enorme homem com cabeça de touro, chifres de ébano a reluzir por sobre o néon daquela falsa iluminação do labirinto, a boca repleta de sangue, dentes de um carnívoro, trazia em suas mãos fragmentos de um corpo, um tronco em pedaços e um braço. Diana não pode pô-la em perigo.

- Corra, garota. – Diana a empurra pelos corredores, buscando uma salvação que talvez não alcance.


Hades.

Vários potes estão colocados em um círculo, reunidos por linhas traçadas pelo sangue de Circe. Um pote repleto de água do mar morto, outro contendo espuma do mediterrâneo, olhos de salamandra, veneno de mil víboras, entre outras peças para um feitiço muito antigo, perdido em pergaminhos olimpianos de antes de o homem caminhar na terra.

- Tem certeza de que deseja fazer isso, bruxa Circe? – o demônio parece assustado com o ritual.

- Absoluta, Abnegazar. – Circe sorri.

- Depois de iniciado, tal sortilégio não pode ser desfeito. – o demônio tremeu – Vai liberar na terra um mal que está adormecido há muito tempo...

- Um mal que fará a Princesa das Amazonas sucumbir para sempre... – Circe deixa seu sangue jorrar sobre a cabeça petrificada por um instante, já sente-se fraca, o encanto exige muito dela - πίσω από τους νεκρούς!*

Uma grande explosão envolve a feiticeira e tudo silencia, então o que era morto começa a se recompor.

- Teve início... – diz Circe, afastando-se. 

Good Samaritan Hospital – Los Angeles.

As paredes brancas do quarto de hospital parece que vão sufocar Vanessa, aquela paz forçada, aquela tranqüilidade aparente, parecem tentar minimizar o desespero que ela sente.

- Foi culpa dela mãe. – diz Vanessa, os lábios trêmulos, os olhos repletos de ódio - Culpa daquela mulher que você deu guarida... Preferiu ela a mim...

- Vanessa, não foi isso que houve... – Júlia segura a mão da filha e beija com devoção – Sabe que não foi assim...

- E como foi? – ela arrancou a mão de entre as de sua mãe – Aquela mulher miserável me deixou aleijada, ela causou tudo isso, eu to nessa cama por causa dela... – Vanessa enterra o rosto nas mãos e quando Júlia se aproxima, ela grita – Vai embora, mãe! Me deixa em paz! Vai ajudar sua amiga a descobrir o destino dela! Sai!

Júlia deixa o quarto da filha transtornada com suas palavras e seu ódio. Neste instante, teme não poder alcançá-la mais. 
Cassino Labirinto – Las Vegas.

O Touro de Minos investe contra a amazona e a jovem violentamente. Diana está acuada pela criatura e a vida da jovem está em suas mãos. A um caminho no labirinto, mas Astérion as mataria se por ali se aventurassem. Então a Mulher-Maravilha aperta firma a mão da moça e diz:

- Siga por ali, logo estará livre. Eu o reterei pelo tempo que for necessário para que consiga alcançar sua liberdade. Mas vá logo!
A moça dispara pelo corredor repleto de sombras. Astérion faz menção de segui-la, mas Diana se põe no caminho, espada em punho. A criatura a observa por um instante, a fera suga o ar violentamente através de suas narinas dilatadas e solta um urro que ecoa por todo labirinto. Mas a frente a jovem cai ao canto da parede, pensando que seria devorada naquele instante, mas ao perceber que ninguém a seguia prosseguiu sua fuga.

- Besta selvagem – grita Diana, pondo a espada a sua frente – Daqui só passarás sobre meu corpo morto!

A Mulher-Maravilha se lança contra o Minotaurus, atravessando as paredes do labirinto e começando a transformar aquela prisão da morte em ruínas.


Hades.

Circe amarrou um pedaço de farrapo aos olhos, enquanto Abnegazar afastava-se correndo daquele lugar, agora mais maldito que nunca. Da cabeça decapitada nasceu um corpo, uma mistura de mulher e serpente, o rosto de uma beleza amaldiçoada pelos Olimpianos a não ser jamais contemplada por homem algum.

- Quando estamos? – a voz da Górgona é como um sibilo, mas tem uma melodia que seduz que a ouve.

- Estamos muito... muito longe do seu tempo... Mas de três mil anos.

- Tanto assim? E porque me trouxe de volta suponho que lhe devo uma graça/

Circe sorriu, e seu sorriso possuía em si a melodia das mulheres que encantam pela voz.

- Uma graça? Sim, digamos que eu desejo uma graça sua...

- Que seria?

- Quero que mate a protegida de Atena...

Medusa possuída por uma grande raiva, e usando seu rabo de serpente, destruiu uma pedra próxima. Aproximou-se de Circe e segurou em seu ombro forte.

- Atena, aquela miserável me deixou assim... E quer que me vingue de uma protegida sua? Diga qual e ela já está morta...

- Diana. Princesa de Themiscyra.


Cassino Labirinto – Las Vegas.

A espada de Diana se parte em pedaços ao se chocar contra a pele do Touro de Creta. De que seria feita esta aberração? Não havia tempo para resposta. Sabia que para sair daquele labirinto com vida, aquele monstro precisava cair. Diana o golpeia por seguidas vezes, mas não consegue mais que atordoá-lo. De súbito, um golpe do Taurus e ela voa pelo labirinto, chocando-se e destroçando paredes em seu caminho. Caída em uma sala circular no centro do labirinto a amazona vislumbra um forte brilho, luz que só pode ser emanada de um objeto feito pelos deuses. A espada estava ali, em sua frente, cravada na pedra como nas lendas. A Mulher-Maravilha ergue-se sobre o joelho e arranca a espada da pedra vislumbrando assim toda sua majestosa forjadura, realmente digna de Hefaísto. Seus olhos faíscam e, neste instante sem esperar, Astérion se joga contra ela para estraçalhá-la. O primeiro movimento de Diana é o de uma guerreira, gira a espada em direção ao Minotauro, trespassando-o. A criatura fica parada um instante, o sangue a lhe escorrer pela ferida recém-aberta e pelos lábios, então seu corpo vai aos poucos perdendo a forma animal e se tornando um rapaz de feições abatidas e olhos profundos.

- Obrigado... – sussurrou ele, segurando a mão de Diana.

- Quem? – diz ela, sem nada entender.

- Eu sou Astérion, o amaldiçoado... – diz o rapaz – E agora estou livre graças a você...

- Mas... – Diana hesita, um nó se forma em sua garganta – Eu o matei...

- Você me libertou da maldição e minha alma pode seguir em paz até a eternidade...

Diana fechou os olhos de Astérion delicadamente, como se algo tivesse se perdido ali, com ele. Pôs uma moeda em sua fronte e ergue-se para se afastar logo dali, mas não pôde. Caiu sobre os joelhos, sem forças, e chorou, sem saber por que, mas o sangue na Espada Eterna em seu rosto lhe traz novamente o pavor de estar se tornando menos humana.


Good Samaritan Hospital – Los Angeles.

Maldições proferidas no silencio do quarto são muitas vezes escutadas por criaturas da noite que desejam trocas. Vanessa chora, mas a certeza de que Diana é culpada por tudo que lhe aconteceu é tudo que lhe força a prosseguir. De súbito um uma luz acobreada surge no quarto e então se desfaz.

- Quem está ai? – questiona Vanessa, sem poder mexer o pescoço.

- Uma amiga... – diz a voz melodiosa, cheia de encanto. – Odeia mesmo esta mulher?

- Sim! – Vanessa grita do fundo de sua alma.

- O que faria para se vingar dela?

Uma lágrima desce pelo rosto de Vanessa e seu ódio, sua impotência, tudo vem á tona.

- Tudo!

Circe sorri.


CONTINUA.

*Volte dos mortos!

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