Novos Titãs # 3 – Contos de Terror
Capítulo 3 - Os Sete
Escrito por Daniel Násser
Capítulo 3 - Os Sete
Escrito por Daniel Násser
Gateway City.
Cassandra Sandsmark não entende mais nada. Atacada por uma madrasta cruel e suas filhas loucas, encontra-se jogada no chão pensando em como resolver este problema que começara com a agressão de sua amiga Cindy. Seu olhar crepitava com a chama do combate, partiria aquelas mulheres ao meio se fosse preciso para que se fossem.
- Agora, pequena órfã, deixe-nos passar... – disse a madrasta – Temos que pegar Cinderela e castigá-la por fugir.
- Vocês não vão pegar ninguém. – Cassie estava entre a saída e as mulheres – Vocês nem saíram daqui, suas loucas.
Cassandra apanhou um fragmento do espelho, que possuía uma forma de uma lâmina, jogado aos seus pés e a segurou firme, de modo que seu sangue escorreu pelo vidro. Estava possuída por uma ira incomum. Olhou em direção a janela e novamente o rosto coberto de sombras em meio ao capacete surgiu. “Criança, torne-se uma guerreira”. Neste instante a janela da sala se fez em pedaços com a entrada repentina de uma figura majestosa e um laço dourado envolveu a madrasta e as duas irmãs e estas figuras excêntricas se desfizeram no ar. Cassandra ficou sem entender até que viu a figura da guerreira amazona que surgiu.
- Laço da verdade... - disse Diana – Desfaz qualquer ilusão e revela a realidade.
- Você é a Mulher-Maravilha? – Cassie soltou o fragmento de espelho no chão e somente então sentiu a dor do corte tão profundo.
- Me deixe ver seu ferimento. - a Mulher-Maravilha se aproximou de Cassie e tomou sua mão ferida, enfaixando-a – Que espécie de ira a possui pra que fizesse algo que pudesse feri-la desta forma?
- Eu não sei... – Cassie sussurrou.
Então Cassie se deu conta do que estava acontecendo: a Mulher-Maravilha a salvara... Mas como a encontrara e por quê?
- Eu agradeço sua ajuda, Mulher-Maravilha – Cassie começa educadamente – Mas o que faz aqui, tão longe de Los Angeles?
Diana fita os olhos de Cassandra por um instante e vê um resto de chama, algo que a deixa assustada.
- Eu não sei ao certo... – ela começa – Atena veio a mim e pediu-me que a procurasse e protegesse... Disse que você era importante no que estava por vir... Mas não me disse como e nem por que você possui dons do Olimpo... E muito menos quem é você...
Cassie baixa a cabeça buscando a face que outrora a encorajou no espelho, mas não havia nada.
- Nem eu sei... – diz num sussurro – Só não queria que minha mãe sofresse por eu ser diferente...
- Preciso levá-la a Themyscira – diz Diana – Lá estará segura, do que quer que seja...
De repente um barulho familiar interrompe Diana, primeiro baixo e em um crescente até ela não poder mais evitar.
- É o sinalizador da Liga – diz a Mulher- Maravilha – Temos problemas em Nova York. Dê-me a mão, terei de levá-la comigo até lá.
Cassie sorriu e então saiu pela janela voando, para o espanto da amazona.
- Você vem ou vai ficar?
Diana levanta vôo e segue Cassie pelos ares, mas uma pergunta não cala em sua cabeça: “quem é esta garota?”.
Gotham City.
A caverna do Morcego é repleta de segredos. Por todos os lados encontram-se lembranças de casos passados, não por orgulho, mas para que Bruce não repita os mesmos erros que outrora possa ter cometido. Robin entra na caverna irritado com o que acabara de acontecer. Perdera sua noite de folga, uma bela garota e não sabia como explicar ao Batman o que acontecera.
- Robin. – Bruce diz secamente – O que faz aqui? Achei que esta noite você não faria ronda.
Neste instante Bruce vira-se e vê Tim Drake de jeans e moletom, mas com a máscara ainda no rosto e sinais visíveis de luta. Mesmo assim Batman não parece surpreso.
- Você não vai acreditar no que me aconteceu...
- Sim, vou. Assisti tudo nos monitores de segurança. Então entendo sua frustração. O que houve exatamente? Posso ter perdido algo de um ângulo mal posicionado...
- Não perdeu, não – diz Tim, sentando-se – Ele desapareceu no ar. Depois que derrubei o homem lobo no chão, depois de todo combate (e minhas cicatrizes mostram que houve um combate), quando o derrubei ele sumiu... e a garotinha que ele ia atacar também.
- Curioso. – Bruce começa a analisar o vídeo da luta de Tim, em silêncio por um longo tempo. Depois faz cálculos e examina outras possibilidades: teleporte, invisibilidade, tudo que podia ser detectado por tecnologia estava descartado. O sinalizador da Liga dispara no cinto de Bruce. E quase imediatamente uma chamada de vídeo é feita pelo Gladiador Dourado.
- O que houve? – Batman é seco com seus colegas de equipe, sempre deixou claro que sua prioridade é Gotham, por isso estranhou a chamada tão repentina.
- Batman... Cara – o Gladiador Dourado gagueja, sem encontrar as palavras – Tem algo muito esquisito acontecendo em Nova York... Tipo... Nem sei...
- O que encontraram na cidade? – continua no seu tom habitual, sombrio.
- Nada. – diz o Gladiador, rápido – Este é o problema: Não conseguimos entrar na cidade... Parece que algo impede os adultos de entrar na Big Apple.
- Magia... - sussurra Bruce. - Não tentem mais nada. Chamaram os outros?
- Até agora só estamos aqui o Besouro e eu.
- Grande. – Bruce não consegue suprimir o desdém – Chamem Zatanna. Se for magia, ela é a única que pode nos colocar para dentro da cidade para saber o que esta acontecendo.
Batman desliga o monitor e se prepara para voar para Nova York. Robin fica inquieto, devido ao que acontecera e que parece não importar muito ao Morcego.
- Vamos, Robin.
- Mas...
- Houve outros casos semelhantes ao seu em diversos pontos da Costa Leste, em lugares esparsos. Casos sem explicação, tudo aponta pra a utilização de algum subterfúgio mágico. Desconfiava que existisse um ponto de ruptura na realidade e, pelo que o Gladiador Dourado relatou, Nova York é chave. Agora basta saber por que.
Robin ainda fica parado por alguns instantes.
- Vou precisar de você, Robin.
Tim conforma-se com a perda da sua noite livre e salta para o Bat-Plano. Batman ativa os controles de vôo e a invisibilidade aos radares e dispara para a capital do mundo em busca de respostas.
Boston.
- Qual é o meu nome?
Todd Ricce não podia entender o que aquela figura queria dele: um anão a cabeceira da cama de seu pai, uma faca forçada contra o pescoço dele, roupas sujas e rasgadas e o rosto possuidor de certa deformidade incomum. Se pai, embebido pelo álcool, não sabia se o que acontecia ali naquele instante era mesmo realidade ou se não passava de um delírio.
- Todd? – Jim Ricce balbuciava – tem um homenzinho na minha cama...
- Calma, pai. Eu vou acabar com isto agora.
Todd Ricce assume a forma de sombra a que atribui o nome de Manto Negro e todas as sombras do quarto parecem estar sob seu controle.
- Solta meu pai, criatura.
O Duende riu, e entre os dentes sua risada pareceu um grito de morte, como se o ar se esvaísse dele.
- A questão, meu jovem... – disse ele – Quem sou eu salvará seu pai....
- Que droga é esta, contos dos Irmãos Grimm? Quem pensa que é? Rumpelstilkin?
Neste instante o deformado anão vacilou e soltou a faca.
- Como sabe meu nome? Diga!
- Seu nome? Cara, você é bem mais pirado do que eu podia supor...
- Preciso fugir... Voltar para a Rainha das Fábulas... No reino estarei seguro, pois todos me desconhecem...
A criatura abre uma fenda na parede, como uma porta no espaço, e desaparece por ela. Antes, porém, que possa se fechar a ruptura espaço-tempo, Manto Negro atira-se em sua forma sombria por através dela e em seu interior vê o brilho de muitas estrelas e sóis, o que faz com que seus poderes retrocedam a forma humana, antes de cair num lugar desconhecido. Vira-se pra todos os lados, vê árvores, trilhas para caminhada e um lago.
- Nossa, que viagem. - Todd ergue-se do chão e vê se tudo esta bem antes de prosseguir e descobrir onde está – Nunca mais me atiro de cabeça num buraco onde eu não saiba onde vai dar...
Uma placa se encontra a uma distância razoável e Todd não pode acreditar no que vê.
- Droga, meu pai vai me matar. Como vou explicar que um duende me trouxe ao Central Park – NY? Cara, que saco!
Silver City.
O sapo continuava de pé sobre a pedra cheia de limo a encarar a figura de Jackson Hyde caído na grama, seu corpo já transformado pela água, suas guelras, suas membranas entre os dedos da mão. Jackson caiu com o corpo todo sobre a grama molhada, como se aquilo não passasse de um pesadelo. Fechou os olhos e esperou os pingos que escorriam por seu rosto sumirem, a grama sobre ele dar lugar aos lençóis de sua cama e este sonho absurdo dar lugar a realidade. De súbito sentiu um pequeno peso pressionar seu peito. Abriu os olhos devagar e viu aquela criatura esverdeada sobre ele, a encará-lo bem de perto.
- Não adianta fugir, Jackson Hyde. – disse o Sapo - Sei que, como eu, também descende de uma linha real, mas não sabe quem é. Vou lhe mostra onde buscar estas respostas, alteza. Acompanhe-me um instante e tudo será revelado, no lugar para onde vai estão todas as respostas, basta ter paciência. E cuidado com a sombra que vem do mar.
- Que sombra? Como? – Jackson ergue-se derrubando o sapo na rocha de novo, mas este cai de sentado sobre ela – Você ta me deixando confuso...
- Esta confusão será esclarecida em breve, eu prometo. – diz o anfíbio – Precisa sair daqui. Não é mais seguro. A sombra já sabe de você.
O sapo falante fez um gesto no ar e a água que havia no ambiente se juntou e começou a girar, como se formasse um espelho. O sapo atravessou sua mão por ela e viu que estava seguro.
- Hora de ir, Jackson.
Jackson Hyde olhou para trás, em direção a sua casa ali tão perto e pensou em se despedir de seus pais, em explicar tudo antes.
- Não há tempo. – disse o ser mágico - Quanto menos eles souberem menos perigos irão correr. Você os verá de novo, em breve. Vá.
Jackson atravessou o espelho criado pela magia do anfíbio e antes que percebesse caiu na Baía de Nova York, próximo à Estátua da Liberdade. O garoto nada até o porto mais próximo e olha em volta curioso: Nova York parece vazia.
- O que eu tenho que descobrir aqui?
Olhou para a cidade silenciosa e sua pergunta se perdeu.
Keystone City.
O Flautista de Hamelin executa uma perfeita melodia, uma música repleta de magia antiga e enfeitiça os pequenos garotos como ratos e os guia através uma porta que se abre no espaço para um lugar desconhecido.
- Venham, petiscos. – diz com sua voz melodiosa repleta de perversidade – A Rainha das Fábulas está faminta e quanto mais de vocês tiver pra que ela se alimente, melhor...
Bart observava alguns metros dali, junto do aflito John.
- O que vamos fazer, Bart?
- “Nós”? – pergunta Bart, sem entender – Nada, cara. Não temos nada com isso. Foi azar de eles serem pegos e sorte nossa e para que está sorte continue, é melhor vazarmos rapidinho.
- Sempre assim, Bart. – o garoto surdo foi se afastando – Sempre que surge um problema, você foge. Quando vai ser?
- O que, John?
- Que você vai parar de fugir e encarar as coisas que acontecem...
Bart Allen Põe aperta as mãos com força e meneia a cabeça, como para se livrar de algo que o incomodava, um pensamento insistente. Então vira-se e caminha na direção contraria a que se encontrava o Flautista.
- Você que sabe, John... Eu to saindo fora.
John olha Bart uma última vez, um olhar de decepção, uma tristeza. O jovem corre em direção ao mágico músico e grita sem pensar:
- Ei, você... Deixa meus amigos em paz!
O Flautista de Hamelin o olha abismado, seus olhos como estrelas negras.
- Por que não está seguindo os outros ratos? – o olha mais atentamente e sorri de seu descuido – Não pode me ouvir. Pena. Vai se tornar petisco de roedores ao invés de se tornar refeição da Rainha.
Uma música diferente é executada pelo Flautista. No início distante, mas depois em um crescente um barulho estranho saindo dos esgotos e dos canos começa a se tornar evidente. Ratos começam a saltar de cada buraco e avançam sobre o menino, famintos.
- Que horrível morte... – sussurra o músico.
Neste instante um tronando surge do nada e arremessa os ratos de cima de John para longe e por todo lado. Bart Allen segura o amigo nos braços e vê seus ferimentos sagrando, mas o jovem ainda assim sorri.
- Mas um que não é afetado por minha música... mas este não é desprovido de audição. Porque? - O músico de Manelin observa Bart com seus olhos, como buracos negros e vê ao redor dele uma aura de velocidade que impede sua música de penetrar em seu corpo – Mas rápido que o som... Isso vai ser interessante...
- Eu sabia que você ia voltar... - diz John antes de desmaiar.
- Desculpa, cara. Você não precisava ter passado por isso, cheguei tarde... – Bart desaparece numa incrível velocidade e retorna antes que a criatura possa se questionar se ele fugiu.
- Bom, agora que meu amigo ta no Hospital de Keystone sendo atendido, eu tenho todo tempo do mundo pra te fazer falar – Bart parte pra cima da criatura que tenta se refugiar no portal aberto, mas ao atravessá-lo traz consigo o jovem velocista, que cria uma tempestade de golpes que atordoa o ser mágico e quebra o feitiço sobre seus amigos. Os garotos não entendem onde estão até que Allen grita:
- Para o portal, rápido. Estarão de volta em Keystone.
Todos se lançam pelo portal sem questionar, enquanto Bart continua a surrar o Flautista e então, como se a mágica acabasse, ele desaparece e o portal se fecha. Bart Allen olha para as ruas desertas e ao ver mais ao longe a estátua da liberdade bate com a mão na testa com força.
- Merda. – diz irritado – Até Keystone vai ser uma viagem e tanto.
Mas antes que possa correr, vê uma jovem carregando uma maçã linda e brilhante se aproximar. Não entende por que ele usa aquelas roupas tão estranhas, porém aguarda.
- Nesta cidade existe um grande mal – diz a jovem, pele branca como a neve – Não parta sem ajudar a mandá-la embora... Você é um deles, dos sete que virão...
- Não, moça, eu não sou...
A jovem morde a maçã, mesmo sabendo que este seria seu fim e desmaia nos braços de Allen. E por um instante, ele sente seu corpo antes que ela se desfaça no ar.
- O que está acontecendo aqui? – grita Bart, mas a jovem não pode mais ouvi-lo.
El Passo.
Gritos ecoavam por toda “doceria” Hansel e Gretel. Brenda, Paco e Jaime corriam pela sala tentando se desviar da faca da louca senhora vendedora de doces. Se aproveitando de um momento em que seus amigos correram para o outro lado, Jaime usa a energia do escaravelho e arromba a tranca da porta. “Não posso revelar meu segredo, mas tenho que salvá-los”, pensa o jovem. Pensara muitas vezes em contar o que lhe acontecera, mas ser o herói local era um trabalho perigoso e não podia colar suas vidas em risco. Ninguém precisava saber.
-Paco! Brenda! – grita Jaime, sinalizando para a porta aberta – Vamos!
Os garotos irrompem pela porta aos gritos de socorro, mas assim que põe o pé fora da casa, a velhinha se desfaz no ar, como fumaça. Os três ficam a se olhar. A casa, de súbito, desaparece e dá lugar a um posto de gasolina abandonado.
- Meu Deus! – diz Paco, muito nervoso – Que loucura! Para quem vamos contar isso? Ninguém vai acreditar...
- Eu acho que é melhor vocês verem isso... – diz Brenda, que tentava ligar para a polícia, mas que acabara por acidente por ligar a TV do celular – Olhem! Em todo país a casos de fenômenos estranhos, inexplicáveis... a Liga da Justiça está em Nova York, parece que lá é o ponto-ápice.
- Então vamos para casa, antes que algo mais esquisito apareça. – diz Jaime, querendo verificar pessoalmente a situação e precisando se livrar de seus amigos.
Os três amigos se separem em direções diferentes, então Jaime corre até um beco afastado e ativa o escaravelho. A armadura recobre todo seu corpo, como uma simbiose.
- Escaravelho, me dê a localização da fonte de energia que está gerando este distúrbio em todo país.
Uns instantes depois, a armadura revela o que Jaime quer saber.
- Nova York! – diz como se conversasse com a armadura - É para lá que nós vamos. Pro Alto e... Não está frase já tem dono. E por falar em dono, preciso mesmo decidir meu nome de herói... Sem contar que eu to morto de fome... Será que não dá para fazer uma boquinha antes de salvar o mundo?
A armadura emite um estranho sinal e Jaime entende que sua fome terá que esperar.
Smallville.
Um sopro de vento bate a porta da casa de Martha e Jonathan Kent, mas eles sabem que não foi o vento. O uniforme vermelho e azul aparece em tonalidades borradas, porém distinguíveis, na velocidade que ele atravessou o país para chegar aqui. Ele observa a cozinha por um instante e vê seus pais tomando café calmamente e olhando para sala um jovem, algo como uma fotografia de seu passado, uma lembrança perdida, brincava com seu cachorro.
- Como ele chegou aqui? – pergunta o Superman, olhando para a sala de soslaio.
- Do mesmo jeito que você... – Martha dá uma pausa entre o gole de café e a resposta – Voando.
- Impossível... Mãe, você tem certeza?
- Voando e nu... – Martha parou por um instante e pensou se faltava algo – Parecia meio desorientado. Acendeu a lareira com a “visão de calor”, levantou o trator do seu pai como se não fosse nada além de um carrinho de brinquedo...
- E refrigerou toda água do poço, quando pedi pra ele usar o “Sopro Ártico”. – Jonathan pôs as mãos na cabeça – E agora vou ter que atravessar as terras vizinhas atrás de água...
- Eu sinto muito... – o garoto levantou-se, afagou o cachorro e se dirigiu a cozinha – Perdão, mas mesmo na sala, é como estar sentado aqui... Eu ouço tudo do mesmo jeito... Prometo compensar o senhor por seu poço... Vou buscar água onde quiser...
Jonathan passou as mãos pelos fios brancos e sorriu da afabilidade do garoto.
- Não se preocupe. – disse Martha, rindo – Clark dá um jeito no poço. Ele também já aprontou das suas.
- Mãe.
- Mas foi mesmo. – concordou Jonathan, também rindo.
- Garoto, só me diz uma coisa: quem é você? De onde veio? Porque tem os mesmos poderes que eu?
- E porque é a sua cara aos 16 anos... - completa Martha, entre um gole de café e outro.
- É, isso também...
- Eu não sei. – diz o jovem sentando-se, sem jeito – Eu lembro de pouca coisa, um local escuro... Minha primeira lembrança foi deste lugar como casa. Deles dois. Mas um homem sempre me surge na lembrança, me observando em uma câmara gigante onde era mantido... Me observava, fazia anotações... Não sei de mais nada.
- Clark... – disse a mãe, soltando a xícara sobre a mesa – O que acha que fizeram com ele?
- Eu não sei, mas até eu descobrir ele vai ficar aqui com vocês...
- Mas um garoto... – diz Martha sorridente – Que felicidade vai ser....
- É. – Jonathan suspira – Toda puberdade de novo. Que felicidade....
Superman sorri pela primeira vez. O garoto parecia mesmo deslocado, perdido, mas não era mau. Neste instante o sinalizador da LJA dispara e Clark olha pros pais, em despedida.
- Preciso ir. – diz ele – Temos problemas em Nova York.
- Posso ajudar? – diz o garoto.
- Não. É arriscado.
- Deixe-o ir Clark. – diz Jonathan, olhando firme para o filho – Você não nos deu uma escolha. Deixe-o ver se, com seus dons, ele quer ficar em casa cuidando do gado ou ajudando pessoas. Mas esta escolha tem que ser dele.
Superman fica parado por um instante, sabia que seu pai tinha razão. E se o garoto era tão igual a ele, não aceitaria ser deixado para trás.
- Mas... Como vou levá-lo... – questionou Clark, buscando deixá-lo em segurança – Expô-lo assim, como civil vai ser desastroso. E quando o encontrarem aqui, como vou explicar? Nós dois estaremos descobertos diante da impressa.
Martha levanta-se rápido da mesa e pega o garoto pela mão, arrastando para o quarto antigo de Clark.
- O que a mãe foi fazer?
- Nada que não vá nos surpreender...
Depois de uma breve espera, Martha retorna sozinha.
- Cadê ele, mãe?
- Está vindo ai... – Martha diz, orgulhosa de sua idéia. O rapaz desceu a escada com um antigo uniforme de Clark, apressadamente adaptado a seu corpo – Apresento o Superboy!
- Super... – Jonathan naum consegue deixar de rir. A cara que o garoto faz ao descer a escada de collant é cômica. – De onde tirou esta idéia?
- Ora, o Batman tem um Robin....
- Martha, eu não sei se isso é uma boa idéia... – diz o rapaz, sem jeito – Talvez Clark tenha razão e seja melhor eu ficar...
- Bobagem, querido. Você está lindo.
- Mãe, você não tem jeito. – Clark sorri, pois não pode evitar – Vamos “Superboy”? Consegue me acompanhar no vôo?
Os dois saem voando pelos céus de Smallville, dois borrões vermelho e azuis. Quando já estavam a uma distãncia considerável, Clark vira-se para o garoto e diz:
- “Superboy”? Ficou bem em você... Ela também fez o meu, não esquenta. Com o tempo você acostuma...
O garoto sorri sem jeito, enquanto disparavam pelos céus do Kansas em direção a Nova York.
Fronteira mágica de Nova York
Quando o Superman e seu jovem amigo chegam a Liga já está reunida, discutindo possíveis estratégias contra o inimigo que estaria dominando a cidade. Batman esperava em silêncio pelo parecer de Zatanna sobre a situação. O Gladiador Dourado foi logo se aproximando do Homem de Aço e disparando:
- Nossa, parece que está missão é uma viagem de escotismo... Tá todo mundo trazendo acompanhantes. A Mulher- Maravilha trouxe uma loirinha muito gata e tem um inseto em miniatura que diz que conhece o Batman, além do nosso mascote habitual: Robin.
Neste instante Zatanna se aproxima do resto da Liga. Sua expressão séria denota a gravidade da situação.
- É impossível. – diz sombriamente – Não há como penetrar neste lugar, a magia que o envolve é antiga e muito poderosa. As portas só estão abertas para crianças...
- O que vamos fazer, azulão? – diz o Tedd Kord se aproximando – Não podemos enviar crianças para um lugar destes e, evidentemente, não podemos deixar as que estão lá perecerem por nossa culpa.
- Está enganado, Besouro Azul. – diz Batman, saindo das sombras – Dependendo da criança, o serviço poderá ser mais bem executado do que por alguns adultos... – Batman olha de relance paro Gladiador Dourado – Proponho que Robin vá até a cidade e faça uma averiguação da situação, desta forma podemos ter uma idéia do que pode ser feito e contra quem lutamos.
- Eu posso acompanhá-lo. – diz o garoto trazido pelo Superman.
- E quem seria você? – Batman pergunta asperamente.
- Superboy.
- Não confio em estranhos para trabalhar em algo tão complexo. Não arriscarei a vida de Robin mandando que trabalhe com alguém desconhecido, até mesmo para você, pelo que sei, Superman.
O Superboy baixa a cabeça, Clark o observa e vê nele o jovem desacreditado do colégio Smallville, o que as garotas evitavam, o que os meninos zombavam, o que brincava sozinho. Uma memória perdida...
- Confio nele. – diz Clark, finalmente - Confio nele.
Enquanto a discussão gira em torno da entrada ou não do Superboy na área de risco de Manhattan, Cassie acuada e subitamente assustada com esta jornada a Ilha Paraíso, a ausência de sua mãe, este treinamento, esta ameaça, afasta-se da Mulher-Maravilha por um instante e voa pra dentro da área de ruptura da realidade. Diana grita pela jovem e tenta atravessar a área de restrição mágica, mas é rechaçada.
- Cassandra... – sussurra caída – E agora?
- Agora deixe os garotos entrarem e trazerem ela de volta. – diz Superman, encarando um frio olhar de Batman – Ou nada vai poder ser feito.
Bruce meneia a cabeça afirmativamente, faz um sinal para que Jaime Reys se aproxime.
- Este é o Besouro Azul, um vigilante a quem já auxiliei certa vez no Texas. – diz ele – Ela vai acompanhá-los , pro caso do seu garoto não ser confiável.
- Espera! –grita Tedd Kord – Eu sou o Besouro Azul!
- Não seja criança, Besouro. – riu o Gladiador – Ele é só um garoto que te admira.
Os três garotos atravessam a área de ruptura da realidade e desaparecem, sem trocar palavra.
Neste instante, um policial atravessa a linha de coontenção do público e se aproxima dos membros da LJA.
- Está um pouco longe da sua jurisdição, policial Grayson. – diz Batman, indo ao seu encontro.
- E você ainda manda crianças lutarem suas guerras, não é, Batman? – Dick meneia a cabeça – Quantos mais vão ter que morrer até você entender...
- Não pensava assim quando liderou a Turma Titã.
- A Turma Titã foi um erro. – Dick baixa a cabeça – Nós éramos só crianças, brincando de ser heróis... Um erro que custou uma vida.
Dick fez uma pausa.
- Acha que eles vão conseguir? – continuou.
-Espero que sim... – disse Batman, encarando o ex-Robin.
Distante deles um pouco, a Mulher Maravilha se aproxima de Zatanna.
- Zatanna, o que pode acontecer lá dentro? – pergunta Diana, aproximando-se.
- O que não pode acontecer, seria a pergunta. Estes garotos estão entregues aos caprichos de um mal muito anterior as cidades.... Que a magia os proteja.
Empire State Building – Nova York.
- Estão aqui.- o espelho diz do nada a Rainha das Fábulas.
- Quem, espelho meu? – sua voz era sonolenta, seus lábios repletos de sangue e havia pedaços de carne humana pelo chão.
- Os sete.
- Impossível.
- E não estão sozinhos, alteza real. Um príncipe os acompanhará, guiado por uma Bruxa do Vento. O Clérigo trará as nossas portas o Bufão. E um cavaleiro de outro tempo será salvo pelo demônio que serve a Bruxa, a que não se foi com o resto dos humanos.
- Fabuloso. – A Rainha gargalhou – Acabo com todos de uma só vez. Liberem meus exércitos da escuridão. Quero meus Trolls na rua, massacrando tudo que se mexer. A grande maçã será meu reino só por hora, pois quando os sete se forem, expandirei minha magia pelo mundo.
Continua.
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