Mulher Maravilha – A Queda # 3
O Labirinto de Astérion
O Labirinto de Astérion
Escrito por Daniel Násser
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O enorme corredor branco do Good Samaritan Hospital de Los Angeles parece que vai sufocar Júlia Kapatellis, em seu desespero enorme não sabe a quem se dirigir enquanto as enfermeiras passam por ela como vultos sem rosto.
- Por favor! – Júlia segura no braço de uma moça que vem passando e desabe em pratos enquanto fala – Eu estou procurando minha filha, me ajude...
- Calma, a senhora está muito nervosa. – a enfermeira leva a mulher a um dos bancos de espera do hospital e manda a faz sinal a um dos atendentes para que traga um copo com água para que se acalme um pouco – Qual o nome da sua filha?
- Vanessa... – Kapatellis ainda tremia muito, estava visivelmente nervosa. – Sofreu um acidente de carro, a trouxeram pra este hospital... Ligaram-me daqui...
- Sim, eu compreendo. A senhora é doutora Kapatellis. – a enfermeira faz sinal para que o jovem com a água se aproxime – Beba um pouco, você precisa se acalmar... Martin chame o Doutor Russell aqui, avise que a senhora Kapatellis já chegou...
Júlia Kapatellis bebe aquela água esperando por uma sentença de morte, como se estivesse de pé sobre o cadafalso esperando a sua execução. Depois de um tempo que pareceu interminável aproxima-se o Doutor Russell.
- Senhora Kapatellis.
- Minha filha está morta, Doutor? – sua voz treme ao se ouvir.
- Não, não senhora Kapatellis. Mas o estado dela é grave. Vamos ter que fazer uma delicada operação na sua filha e talvez...
- Faça tudo pra salvá-la, Doutor Russell.
O médico sorriu sem jeito e então apertou a mão de Júlia com firmeza.
- Farei, Doutora Kapatellis. – Russell vira-se para a enfermeira que acompanhava Júlia – Enfermeira Lewis cuide para que a sala de cirurgia esteja pronta em uma hora no máximo. Vamos operar Vanessa.
Diana espanta-se com o que vê: de cima parece que o universo pousou no chão e criou raízes naquela cidade, pois as luzes resplandecem naquele deserto como estrelas, como um cosmo independente da criação. Diana aproxima-se um imenso letreiro em neon. “Bem Vindo a Las Vegas”. Não entende por que o laço a trouxe para este lugar, só vê que quanto mais se aproxima da Las Vegas Boulevard a energia de seu laço parece ser mais intensa, até que ao pousar em um telhado ela explode de forma incandescente e cessa.
- É aqui... – diz Diana para consigo – “Cassino Labirinto”.
Todos vestem-se de forma anormal nas ruas de Las Vegas, surgem duendes, personagens de filmes e princesas,Diana passa despercebida em seu traje de amazona. Um arrepio frio percorre a pele da Mulher Maravilha ao cruzar as portas do Cassino, como se o clima ali fosse de uma fatalidade iminente.
O Aqueronte é um enorme lençol de água que corre até o mundo dos mortos e por onde são transportadas as almas até seu descanso eterno. Se alguém olhar através de suas águas esverdeadas encontram-se as almas que se perderam no caminho, oprimidas pelo peso de seus erros e desejando redenção. Uma bela mulher com um capuz sob a cabeça dirige-se até as margens de tão funesto rio e ainda sente as mãos dos desesperados a roçar-lhe os calcanhares. Não pode lhes dar atenção. Apanha uma pequena moeda que traz consigo e a arremessa sobre as águas. Nada acontece por um instante. Então, ao longe, começa-se a ver a sombra de um barqueiro entre as névoas e ela sorri, pois sabe que conseguiu sua atenção.
- Você não devia estar aqui. – diz Caronte, com sua voz fria e cortante – Este é um lugar para os mortos e você ainda não está morta. Regresse, feiticeira, aqui não há nada para você.
- Está enganado, Barqueiro. – diz com sua voz cruel – Aqui existe algo que eu quero muito e você me levará até a outra margem para que eu a encontre. Sabe que não tem escolha. Pois eu sou Circe, filha de Hécate, e você deve me obedecer.
Diana começa a caminhar pelos espaços repletos de caça-níqueis e jogos de mesa e não compreende o significado que isso possa ter, como algo tão sem importância possa destruir vidas. As começa a entender um pouco disso ao perceber os olhos vidrados, a respiração ofegante, os grandes rompantes de felicidade ou as lágrimas de tristeza. “O mundo dos homens é muito confuso”, pensa consigo. “Por mais que tenha aprendido seus costumes com meu povo e visto sua evolução, ele não faz sentido”.
Uma mulher que corria por entre os caça-níqueis mais afastados, ao fundo do cassino, esbarra com Diana e chorando lhe pede ajuda.
- O que houve? – questiona a amazona.
- Minha amiga, ele levou minha amiga. – disse a jovem com as palavras se atropelando.
- Onde?
- Lá... – diz tremendo – no fundo do cassino, onde dizem que as pessoas somem... Nós fomos lá olhar e ele a pegou...
- Saia daqui. Vou encontrá-la.
Diana corre até o fundo do cassino, onde a moça desaparecera e vê uma sombra se afastar por uma porta entre as pinturas na parede dos cenários do mundo.
- Espere! – ela grita.
A sombra desaparece na passagem e a Mulher Maravilha, sem pensar a segue, mergulhando no desconhecido.
Good Samaritan Hospital.
Júlia Kapatellis está muito aflita com a operação que parece não ter fim de sua filha. Caminha de um lado para o outro, sem prestar atenção nas figuras vestidas de branco que passam por ela e, vez por outra, viram-se e sentem sua aflição.
- Por favor, se existe um Deus acima de nós... Salve minha filha...
Júlia chora ao se ouvir clamar para o vazio. A enfermeira Lewis coloca a mão em seu ombro e ela a abraça com força.
- Terminou, senhora Kapatellis...
Diana prossegue por um labirinto de túneis abaixo do cassino, cuidadosa como que pode surgir daquela escuridão. Daquela distância já podia ver o homem que arrastava a garota pelos recônditos escuros daquele subsolo: era um rapaz punk, cabelos coloridos, um piercing no nariz de argola, roupas rasgadas. A garota gritava muito ao ser arrastada e se debatia contra as paredes, ferindo-se.
- Afaste-se dela,seu covarde! – grita Diana, não podendo mais esperar. O punk foge, abandonando a jovem ao chão. A princesa corre em seu socorro e, ao levantar a moça se vê frente a um enorme labirinto de paredes machadas de sangue negro. Um grande urro faz eco nas paredes do labirinto, como um animal aprisionado e faminto.
- Não se afaste de mim... – sussurra a amazona para a jovem.
Uma enorme sombra se projeta nas paredes, como um touro gigantesco a vir em direção delas e seu urro torna-se cada vez mais próximo. Diana segura o punho da espada com força e observa a criatura se aproximar.
- É aqui... – sussurra pra si mesma – Este é o labirinto de Astérion...
No Hades todos os caminhos são sombrios.
Circe caminha por cavernas há muito abandonadas, espreitando por sombras em busca de algo. De repente surge a figura de um hominídeo, sua risada metálica fazendo eco nas paredes, seu caminhar desengonçado em direção à feiticeira.
- Sei o que procuras, bruxa... - sua voz era rascante – Mas tem certeza que deseja acordar este mal?
- Absoluta, Abnegazar... Onde está a cabeça da Górgona?
O demônio fez um sinal e ela sorriu.
- Hora de acabar com a princesa de themiscyra...
Good Samaritan Hospital. O Doutor Russell se aproxima de Júlia Kapatellis, embora saiba que a notícia que vai dar não é a que ela espera ouvir.
- Doutora Kapatellis, temos que conversar...
- Diga, doutor Russell, como está minha filha?
- A operação foi um sucesso. Conseguimos salvar a vida de Vanessa. Mas...
- Mas?
- Mas ela ficou impossibilitada de se mover do pescoço para baixo. Sua coluna ficou estraçalhada no acidente e ela não vai voltar nunca mais a andar, não existe nada que possa ser feito, acredite.
Júlia Kapatellis afunda o rosto nas mãos e chora, tomada pelo desespero dos que se sentem impotentes.
CONTINUA...
- Por favor! – Júlia segura no braço de uma moça que vem passando e desabe em pratos enquanto fala – Eu estou procurando minha filha, me ajude...
- Calma, a senhora está muito nervosa. – a enfermeira leva a mulher a um dos bancos de espera do hospital e manda a faz sinal a um dos atendentes para que traga um copo com água para que se acalme um pouco – Qual o nome da sua filha?
- Vanessa... – Kapatellis ainda tremia muito, estava visivelmente nervosa. – Sofreu um acidente de carro, a trouxeram pra este hospital... Ligaram-me daqui...
- Sim, eu compreendo. A senhora é doutora Kapatellis. – a enfermeira faz sinal para que o jovem com a água se aproxime – Beba um pouco, você precisa se acalmar... Martin chame o Doutor Russell aqui, avise que a senhora Kapatellis já chegou...
Júlia Kapatellis bebe aquela água esperando por uma sentença de morte, como se estivesse de pé sobre o cadafalso esperando a sua execução. Depois de um tempo que pareceu interminável aproxima-se o Doutor Russell.
- Senhora Kapatellis.
- Minha filha está morta, Doutor? – sua voz treme ao se ouvir.
- Não, não senhora Kapatellis. Mas o estado dela é grave. Vamos ter que fazer uma delicada operação na sua filha e talvez...
- Faça tudo pra salvá-la, Doutor Russell.
O médico sorriu sem jeito e então apertou a mão de Júlia com firmeza.
- Farei, Doutora Kapatellis. – Russell vira-se para a enfermeira que acompanhava Júlia – Enfermeira Lewis cuide para que a sala de cirurgia esteja pronta em uma hora no máximo. Vamos operar Vanessa.
Diana espanta-se com o que vê: de cima parece que o universo pousou no chão e criou raízes naquela cidade, pois as luzes resplandecem naquele deserto como estrelas, como um cosmo independente da criação. Diana aproxima-se um imenso letreiro em neon. “Bem Vindo a Las Vegas”. Não entende por que o laço a trouxe para este lugar, só vê que quanto mais se aproxima da Las Vegas Boulevard a energia de seu laço parece ser mais intensa, até que ao pousar em um telhado ela explode de forma incandescente e cessa.
- É aqui... – diz Diana para consigo – “Cassino Labirinto”.
Todos vestem-se de forma anormal nas ruas de Las Vegas, surgem duendes, personagens de filmes e princesas,Diana passa despercebida em seu traje de amazona. Um arrepio frio percorre a pele da Mulher Maravilha ao cruzar as portas do Cassino, como se o clima ali fosse de uma fatalidade iminente.
O Aqueronte é um enorme lençol de água que corre até o mundo dos mortos e por onde são transportadas as almas até seu descanso eterno. Se alguém olhar através de suas águas esverdeadas encontram-se as almas que se perderam no caminho, oprimidas pelo peso de seus erros e desejando redenção. Uma bela mulher com um capuz sob a cabeça dirige-se até as margens de tão funesto rio e ainda sente as mãos dos desesperados a roçar-lhe os calcanhares. Não pode lhes dar atenção. Apanha uma pequena moeda que traz consigo e a arremessa sobre as águas. Nada acontece por um instante. Então, ao longe, começa-se a ver a sombra de um barqueiro entre as névoas e ela sorri, pois sabe que conseguiu sua atenção.
- Você não devia estar aqui. – diz Caronte, com sua voz fria e cortante – Este é um lugar para os mortos e você ainda não está morta. Regresse, feiticeira, aqui não há nada para você.
- Está enganado, Barqueiro. – diz com sua voz cruel – Aqui existe algo que eu quero muito e você me levará até a outra margem para que eu a encontre. Sabe que não tem escolha. Pois eu sou Circe, filha de Hécate, e você deve me obedecer.
Diana começa a caminhar pelos espaços repletos de caça-níqueis e jogos de mesa e não compreende o significado que isso possa ter, como algo tão sem importância possa destruir vidas. As começa a entender um pouco disso ao perceber os olhos vidrados, a respiração ofegante, os grandes rompantes de felicidade ou as lágrimas de tristeza. “O mundo dos homens é muito confuso”, pensa consigo. “Por mais que tenha aprendido seus costumes com meu povo e visto sua evolução, ele não faz sentido”.
Uma mulher que corria por entre os caça-níqueis mais afastados, ao fundo do cassino, esbarra com Diana e chorando lhe pede ajuda.
- O que houve? – questiona a amazona.
- Minha amiga, ele levou minha amiga. – disse a jovem com as palavras se atropelando.
- Onde?
- Lá... – diz tremendo – no fundo do cassino, onde dizem que as pessoas somem... Nós fomos lá olhar e ele a pegou...
- Saia daqui. Vou encontrá-la.
Diana corre até o fundo do cassino, onde a moça desaparecera e vê uma sombra se afastar por uma porta entre as pinturas na parede dos cenários do mundo.
- Espere! – ela grita.
A sombra desaparece na passagem e a Mulher Maravilha, sem pensar a segue, mergulhando no desconhecido.
Good Samaritan Hospital.
Júlia Kapatellis está muito aflita com a operação que parece não ter fim de sua filha. Caminha de um lado para o outro, sem prestar atenção nas figuras vestidas de branco que passam por ela e, vez por outra, viram-se e sentem sua aflição.
- Por favor, se existe um Deus acima de nós... Salve minha filha...
Júlia chora ao se ouvir clamar para o vazio. A enfermeira Lewis coloca a mão em seu ombro e ela a abraça com força.
- Terminou, senhora Kapatellis...
Diana prossegue por um labirinto de túneis abaixo do cassino, cuidadosa como que pode surgir daquela escuridão. Daquela distância já podia ver o homem que arrastava a garota pelos recônditos escuros daquele subsolo: era um rapaz punk, cabelos coloridos, um piercing no nariz de argola, roupas rasgadas. A garota gritava muito ao ser arrastada e se debatia contra as paredes, ferindo-se.
- Afaste-se dela,seu covarde! – grita Diana, não podendo mais esperar. O punk foge, abandonando a jovem ao chão. A princesa corre em seu socorro e, ao levantar a moça se vê frente a um enorme labirinto de paredes machadas de sangue negro. Um grande urro faz eco nas paredes do labirinto, como um animal aprisionado e faminto.
- Não se afaste de mim... – sussurra a amazona para a jovem.
Uma enorme sombra se projeta nas paredes, como um touro gigantesco a vir em direção delas e seu urro torna-se cada vez mais próximo. Diana segura o punho da espada com força e observa a criatura se aproximar.
- É aqui... – sussurra pra si mesma – Este é o labirinto de Astérion...
No Hades todos os caminhos são sombrios.
Circe caminha por cavernas há muito abandonadas, espreitando por sombras em busca de algo. De repente surge a figura de um hominídeo, sua risada metálica fazendo eco nas paredes, seu caminhar desengonçado em direção à feiticeira.
- Sei o que procuras, bruxa... - sua voz era rascante – Mas tem certeza que deseja acordar este mal?
- Absoluta, Abnegazar... Onde está a cabeça da Górgona?
O demônio fez um sinal e ela sorriu.
- Hora de acabar com a princesa de themiscyra...
Good Samaritan Hospital. O Doutor Russell se aproxima de Júlia Kapatellis, embora saiba que a notícia que vai dar não é a que ela espera ouvir.
- Doutora Kapatellis, temos que conversar...
- Diga, doutor Russell, como está minha filha?
- A operação foi um sucesso. Conseguimos salvar a vida de Vanessa. Mas...
- Mas?
- Mas ela ficou impossibilitada de se mover do pescoço para baixo. Sua coluna ficou estraçalhada no acidente e ela não vai voltar nunca mais a andar, não existe nada que possa ser feito, acredite.
Júlia Kapatellis afunda o rosto nas mãos e chora, tomada pelo desespero dos que se sentem impotentes.
CONTINUA...
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