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terça-feira, 28 de junho de 2011

Novos Titãs #2


Novos Titãs # 2 – Contos de Terror
Capítulo 2 – No Jardim dos Ossos

Escrito por Daniel Násser


Smallville.

 
Lembranças...

Não são bem lembranças, são fragmentos delas. Ele não sabe seu nome e nem quem é, mas sente que este é seu lar. Uma pequena fazenda no interior do Kansas, em Smallville, um lugar comum e sem muita agitação pelo que percebeu ao sobrevoá-lo em direção a sua casa. Reconheceu o cinema, a lanchonete onde costumava ir e lembrou-se dela... Qual era mesmo o nome da garota ruiva que sempre o acompanhava? Não importava. Estava nu na sala de estar de sua casa e não sentia frio. O portão da entrada da fazenda foi fechado delicadamente e ele pôde ouvir dessa distância e mesmo assim ele ouviu até o barulhinho de “click” feito pelo cadeado novo. Sua audição ainda funcionava. Testou seus outros poderes. Sua visão de raios-X atravessou as sólidas paredes da casa e revelou que quem vinha se aproximando era uma senhora simpática tão familiar para ele... Quem seria? Sua velocidade e o vôo já haviam sido postos à prova na fuga pra casa. Depois testaria os outros para saber se não estava doente... Não. Sabia que não podia ficar doente a não ser que entrasse em contato com Kriptonita... O que seria isso? A palavra surgiu de repente e só lhe remete um brilho verde... Continuou parado na semi-escuridão da casa, a mulher logo entraria.

Martha Kent abre a porta carregando uma grande cesta com legumes que fora buscar para o jantar e este gesto trouxe uma única palavra a boca dele:

- Mãe... – ele a chamou sem entender o significado, a palavra não era de todo fria, possuía um calor, um sentimento.

Martha Kent deixou a cesta cair e deu um grito ao observar um rapaz desnudo em sua sala. Qual a sua surpresa ao perceber que este rapaz era seu próprio filho, aos dezesseis anos. Ela aproximou-se devagar, enquanto ele, abaixado, catava os legumes e os colocava na sexta.

- Clark? – ela chamou, alternando entre suas dúvidas.

- Esse é meu nome? – ele perguntou.

Então ela soube que aquele não era seu filho. Mas quem era? E o que fizeram com ele?

- Calma, garoto. Vou buscar umas roupas para você. – disse ela, já saindo e percebendo que o rapaz não lhe faria mal – Vou te ajudar.

Ela sorriu e este gesto o reconfortou. As roupas que ela lhe entregara pareciam familiares também, mas nada disse.

- São do meu filho, Clark. Sabia que ainda iriam servir. Sente-se um pouco, descanse. Vou acender a lareira para você se aquecer.

- Não precisa, mãe.

Neste instante seus olhos se aqueceram e um clarão vermelho saiu deles e incendiou os gravetos na lareira. Martha não pôde reprimir um grito de pavor, mas logo se acalmou. Não podia ser... Mas precisava saber...

- Você pode me fazer um favor?

O garoto meneou a cabeça afirmativamente. A mulher fez um gesto para que ele a acompanhasse. Do lado de fora havia um velho trator, uma das rodas atolada na lama da chuva de dois dias atrás.

- Meu marido, Jonathan, não conseguiu tirar ele daí. Foi à cidade buscar ajuda para desatolá-lo. Pode erguê-lo?

O garoto olha um instante para o velho trator... Seu pai já o deixara dirigi-lo uma vez, há uma vida... A maquina é erguida sem a menor dificuldade do lamaçal e posta em terra seca.

- Incrível... – sussurrou Martha. – Venha, tenho que ligar pro meu marido, parece que ele não vai mais precisar de ajuda.


Staten Island – Nova York.

Gar Logan está cansado de viajar pelo mundo, sem perspectiva de futuro. Desde a morte de seus pais em acidente, foi aprisionado nesta jaula fedorenta e nada mais é que um animal em exibição no Grand Cirque, sob a tutela de Roger Crossford. Ser verde também não é um fator positivo, todos o chamam de aberração, monstro, anormal... Onde seria aceito? Nem seu dom de se metamorfosear em qualquer animal lhe dá vantagem, só o torna mais estranho.

- Garfield, vista-se seu número começa em dez minutos... – Crossford o olha por um instante – E sorria! As pessoas querem que você pareça contente.

- Sim, senhor... - Logan diz com um ar triste.

Neste momento um brilho irrompe no horizonte e se alastra por toda Nova York. À medida que esta estranha luz toca os adultos eles se desfazem no ar, deixando suas crianças para trás.

- O que está acontecendo? – se pergunta Garfield, ao ver Roger Crossford sumir sem deixar vestígios de sua existência. - E a coisa só piora...

Olhando o horizonte, Gar Logan vê o surgimento de enormes pássaros monstruosos que se dirigem para onde as crianças juntas comemoram o desaparecimento de seus pais.

- Crianças! – ele grita, batendo nas grades – Fujam!

Mas não existe para onde. Sem saída alguma, Logan transmuta-se em uma pequena abelha e sai pelas barras em direção às crianças, metamorfoseando-se no ar em uma enorme águia verde e enfrentando os pássaros. De súbito um encantamento transforma as aves em moscas e Logan fica sem nada entender.

- Acalme-se, herói. –disse um rapaz de pele acinzentada surgindo das árvores – Apenas livrei você de um infortúnio momentâneo, outros virão. A grande magia sendo utilizada aqui neste lugar impenetrável para adultos, eu sinto nos meus músculos retesados, sinto no ar pesado. Foi o que me trouxe aqui e encontrá-lo não foi coincidência. O centro é na grande ilha.

- Manhattan? – pergunta Gar, já voltado a forma humana – Como...? Quem é você?

- Eu sou Klarion. Prossigamos, pois nosso caminho ainda vai ser muito longo.

Klarion vira-se, procurando algo, até que vê um pequeno gato alaranjado nos arbustos.

- Apresse se, Teekhl.

Garfiled Logan o observa por um instante. Magia? Parece melhor do que sua jaula.

O gato salta sobre os ombros do bruxo e os dois seguem sua jornada.



Queens – Nova York.



O jovem Príncipe Brion Markov acaba de desembarcar no Aeroporto Internacional John F. Kennedy. Promete para si mesmo que só vai ser por um tempo. Que irá retornar a Markóvia assim que encontrar sua irmã, Tara. Sente-se mal ao lembrar em que circunstâncias descobriu que seu pai possuía uma filha ilegítima morando na América, sem direito a nada, sem direito aos benefícios do sangue real que corria em suas veias. Foi o último desejo de seu pai, reverter o mal que causara a sua filha por orgulho, por impotência.

- Preciso saber dele... – murmurou para si mesmo.

- O que disse senhor? – uma atendente perguntou gentilmente.

- Nada, apenas pensando alto.

Brion sorriu para a moça e segui com sua mala até a área dos táxis. Enquanto caminha e observa a grandiosidade daquela cidade percebe que sua irmã tem dois anos menos que ele, e mesmo aos dezessete ainda é assustador o impacto que Nova York tem.

- Espero que esteja bem... – disse consigo, apertando o medalhão da realeza da Markóvia contra o peito. – Táxi!

Um senhor para o carro e abre a porta para o Príncipe. Neste instante um brilho surge no horizonte e todas as pessoas adultas começam a se desintegrar no ar, como se fossem fantasmas. O pânico é geral. Brion observa atônito tudo aquilo por um instante. Deveria intervir?

- Que seja... – diz pra si, enquanto sobe no terminal de malas que repentinamente parara, junto com todo maquinário do aeroporto. – Senhores, acalmem-se. A histeria não vai nos levar à parte alguma.

- Cuidado! – grita uma jovem do meio da multidão.

Brion Markov vira-se no mesmo instante e pode ver um enorme jumbo, dos quais os pilotos e todos os adultos sumiram, cair em direção aos passageiros ali aglomerados. Entre gritos de pânico e pedidos de socorro, o Príncipe faz a única coisa que resta: libera seu poder, criando uma imensa mão de rochas que sai do solo e segura o avião, salvando os jovens em seu interior e os passageiros do aeroporto.

Brion cai, sem sentidos. Uma jovem aproxima-se dele, saindo entre os outros que nada fazem.

- Me deixem passar. – grita ela – Vamos!

A jovem que se aproxima possuiu uma personalidade intrigante. Seu nome é Sarah Rainmaker, ela é descendente de Apaches. Nascida de um relacionamento rápido de seu pai, o general Stephen Callahan, e da mística Swanmoon, uma bruxa indígena que possuía uma beleza lendária. A jovem índia morreu no parto e sua filha foi levada pra ser criada por seu pai, num rígido sistema de educação. Quando não suportou mais a vida que levava fugiu. E essa tem sido sua vida desde os 14 anos, fugir de um lado para o outro, para que o general não a encontre. Tem sido assim há três anos. Ela verifica o pulso e a respiração de Brion.

- Está vivo! – grita para a multidão – Afastem-se!

Sorriu ao se lembrar de que pensara que em Nova York tudo seria tranqüilo. Não consegue se esconder por mais de um mês sem que seu pai a descubra. Ela não é só a filha dele, é seu projeto de ciências. Seus genes foram acelerados e sua meta-gene ativada para que ela possuísse um dom.

- Moça, o avião ta pegando fogo! – grita um menino de uns dez anos - Tem gente lá dentro!

Neste instante Sarah entende que não adianta se esconder. Sorri com amargura desta ironia. Levanta o rosto para o céu e seu olhar transforma-se, como se uma neblina cobrisse suas pupilas, então as nuvens tornam-se cinzas e a chuva cai violentamente, apagando as chamas. Ergue sua mão e num gesto seu um raio parte as nuvens e atinge a porta do avião, liberando a saída de todos. Ao olhar para o jovem em seus braços percebe que ele já está acordado e a observa com atenção.

- Despertei nos braços de uma deusa da chuva... – diz, o som quase sem sair por seus lábios.

Sarah sorri, sem jeito. Parece que aqui não estaria mais segura de seu pai, quando isso fosse a público precisaria fugir de novo.

Brooklyn – Nova York.

Um brilho surge no meio de uma rua semi- deserta de fronte ao Brooklyn Borough Hall e se desfaz sem mais explicações. Um jovem surge, semi-acordado no chão, e murmura coisas incompreensíveis para si mesmo.

- Consegui. – diz o rapaz com um traje azulado – Essa é a época certa... mas porquê? Porquê a Legião me mandou para este ponto? Pense Rokk? Porquê eu, Rokk Krinn, seria enviado para esta época?

Cósmico dá um urro de horror ao perceber que sua mente havia sido enclausurada pela Legião e pouco que ele sabia não estava ajudando. Todos os carros ao seu redor e o metal começam a se retorcer e gritar movidas pela energia magnética do Legionário.


Empire State Building – Nova York.

O palácio do terror da Rainha das Fábulas, onde míticas criaturas caminham por seus corredores e gritos de desespero preenchem o ar.

- Os adultos se foram? – pergunta Tsaritsa, segurando uma maçã vermelha na mão.

- Sim, minha senhora. – responde um ser pequeno, como uma fada monstruosa. – Tentam invadir seu domínio, uma sociedade de guerreiros conhecidos por Liga da Justiça, mas seu domínio é total.

- Excelente... – disse sorrindo – Que comece o banquete... Traga-me as crianças...

Continua...

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